A preocupação com uma prática pedagógica mais motivadora, sugere a necessidade de compreendermos a importância da ludicidade no processo de construção do conhecimento.
O lúdico e, de uma forma mais abrangente o jogo simbólico, numa perspectiva compartilhada, favorece a troca de significados e construções de novas representações acerca do mundo.
Na situação do jogo e da brincadeira, a realidade é expressada ou outra é criada fantasiosamente, o que implica o desenvolvimento da imaginação
A imaginação favorece atitudes criativas na resolução de problemas e, talvez seja exatamente isso que o mundo vai exigir cada vez mais das crianças quando adultas.
Aprender num ambiente lúdico é compreender a sala de aula como um espaço saudável, onde o prazer e o desprazer são pontos chaves. Neste sentido, o jogo pode tornar-se o próprio "clima" da sala, favorecendo a criatividade, através da espontaneidade e da liberdade de ‘brincar com o conhecimento’.
Brincar é sério, pois a criança o faz de modo bastante compenetrado, demonstrando, no jogo de faz-de-conta suas representações mentais e os papéis socialmente colocados no seu grupo familiar, de amigos, etc. Desta forma, é importante sermos um educador atento, observador e em alguns casos, um educador capaz de compartilhar da brincadeira, a fim de criar "zonas de desenvolvimento proximal", mediando o processo de aprendizagem dos alunos.
Ensinar o jogo a partir de uma perspectiva de cooperação também é necessário, desconstruindo assim a idéia de que este é fruto de mera competitividade e individualismo. O jogo precisa se constituir de experiências compartilhadas, onde o grupo e o nível das interações e comunicações neste, são fundamentais.
Toda situação de jogo é sempre uma situação imaginária e de regras, tanto implícitas quanto explícitas, dependendo da brincadeira. As regras explícitas devem ser discutidas e democratizadas/socializadas e até mesmo construídas no interior do grupo coordenado pelo educador, antes da brincadeira iniciar. Já as regras implícitas seguem um processo mental interior e um tempo particular de cada sujeito envolvido, o que dificulta muitas vezes para quem está "de fora", tornando incompreensível o que emerge no clima do jogo. Nestes jogos, de regras implícitas, somente a cumplicidade do grupo e dos pares, seus vínculos, é que podem ser critérios para se avaliar os limites e as possibilidades da situação de brincar.
O lúdico é, portanto, um direito da criança.